22 de fevereiro de 2012

Despropósitos

   Há alguns anos o poder judiciário descobriu que possui uma quantidade imensurável de processos arquivados... esses documentos antigos ocupam prédios inteiros, centenas de grandes prateleiras com mais de três metros de altura e milhares de caixas.
   Descobriu-se ainda que esse imenso arquivo não está organizado segundo critérios objetivos e que a manutenção dessa relíquia tem um custo extremamente alto aos cofres públicos.
   Existe, além disso, uma perspectiva da História do país, a perspectiva jurídica dos fatos, que está perdida nesse massa colossal de papéis e que, para ser contada, precisa, antes, ser organizada.
   A máquina, portanto, está ciente da necessidade de gerir o seu acervo, que só faz crescer a cada dia... mas a máquina é lenta e muito pouco racional. 
   No órgão onde trabalho existem mais de oitenta mil processos arquivados e uma única servidora responsável pela gestão documental. A Cléo. 
   A Cléo é como o personagem Wall-E da Pixar: Junta, processa e organiza uma quantidade de lixo tão descomunal que tomou conta do planeta... e ela o faz sozinha.
   Desse ponto de vista, a imagem é quase poética. Do ponto de vista prático, todavia, é um despropósito. Mas a grande máquina burocrática é movida por despropósitos. A Cléo apenas cumpre sua função, todos os dias, conforme o horário de funcionamento da repartição.