27 de fevereiro de 2012

Jardinagem

   Um grande amigo, certa vez, contou-me estar intrigado com o crescimento dos bambus que possuía no quintal de sua casa. Disse-me que não entendia como aquela planta parecia crescer quase um metro, num intervalo de horas.
   Resolveu sentar-se uma tarde na varanda de casa e observar os vegetais. Pôs-se numa cadeira e os vigiou. As plantas, obviamente, não cresceram... até que, com um pouco de sono, deixou as pálpebras caírem por alguns segundos. Nesse instante, os bambus espicharam. Tal fenômeno apenas o deixou mais intrigado.
   Em frente à sala que ocupo não existem bambus, mas há ali um jardim de inverno. Sento-me de frente para ele há quase três anos.
   Ontem, dei-me conta de que surgiu uma pequena árvore naquele jardim... de um dia para outro. Fiquei abismado com aquilo. Perguntei a um colega se ele já tinha notado a árvore ali. Olhou com descaso para a planta. Não lhe importava a existência do vegetal, muito menos a natureza de seu crescimento.
   Procurei o jardineiro do judiciário. Contou-me que a árvore estava ali desde quando era uma muda. Perdi a história daquela planta, entretido com papéis.
   A burocracia nos rouba o tempo.

foto de Guilherme Ghizoni