12 de março de 2012

Contos Escolhidos

   Há alguns anos atrás um professor narrou-me uma idéia que teve para um conto.
   A história passaria-se numa repartição pública. Um dia, algum servidor traria um lote de objetos apreendidos para o depósito da repartição. Ocorre que, entre os itens transferidos, existiria uma relíquia arqueológica, um ídolo de pedra com propriedades místicas, que carregaria uma maldição.
   Essa estátua seria capaz de fazer com que o tempo não passasse, de tal sorte que o relógio da repartição jamais chegaria às seis horas da tarde. O expediente burocrático, com isso, tornaria-se infinito. A espera pelo horário do ponto seria eterna. A irônica maldição do serviço público.
   Onde trabalho existe um Cartório Criminal; numa de suas salas repousa um cofre. Neste cofre são guardados os bens apreendidos nos processos penais e inquéritos policiais. Conheço o Diretor desse cartório, o Jair. Gosto de conversar com este Diretor, acho interessante o olhar que ele tem sobre a Justiça.
   Sempre que me recordo do conto que meu professor gostaria de escrever, lembro-me do Jair. Acredito que ele é um servidor com senso de humor e ironia bastantes para acolher em seu cofre tal tipo de artefato. Suponho que ele gostaria da piada sulfúrica.