21 de março de 2012

O Pendrive e a Burocracia

   O primeiro cartório onde trabalhei está instalado numa região inóspita da extensa faixa de fronteira brasileira. Os servidores que lá são lotados buscam, de todas as maneiras, conseguir remoção para algum município menos hostil. Tanto tentam, que um dia conseguem.
   Assim, aquela vara judiciária nunca tem em seus quadros servidores com larga experiência cartorária... é uma repartição de treinamento de funcionários públicos... com alta rotatividade.
   Entretanto, lá trabalha o Walter, "o funcionário da fronteira", que há anos ensina esses servidores que vêm e vão. Eu, inclusive.
   Walter é um sujeito baixo, com seus 1,60 m (considerando a margem de erro, para mais ou para menos), dono de um raciocínio muito veloz e de um ótimo senso de humor. Tem um processador poderoso para o processamento de piadas improvisadas. Walter, além de fazer o seu trabalho na secretaria, é uma espécie de manual que todos os servidores novos consultam ininterruptamente. "Como é que publica o despacho?", "Como cadastra esse processo?", "Como é que faz carga do processo?", "Onde tem modelo de ofício?", "Como eu cadastro um advogado?", "Onde é que guarda esse processo?", "Como é que a gente arquiva?", "E agora?", "E depois?".
   Walter tem uma memória muito boa, constantemente atualizada. Como cabe tanta informação num sujeito tão diminuto?
   Pequeno, excelente processador, boa memória. Não fosse um servidor público, Walter seria um iPod... ou talvez um pendrive.
   Um grande abraço Walter!