19 de fevereiro de 2005

Soneto do Labor Total

Canso-me tanto. Meu amor, nao cante
a humana condicao com mais verdade
Canso-me como um asno, um ruminante
numa sempre inclinada realidade.

Canso-me assim, de um trabalho incessante
E canso-me alem, alem da boa vontade.
Canso-me, enfim, com grande intensidade,
dentro da eternidade e a cada instante

Canso-me como um bicho, simplesmente,
De um labor sem misterio e sem virtude
com um cansaco macico e permanente

E de cansar-me assim, muito e amiude,
E que um dia em meu quarto de repente
Hei de me descansar mais do que pude

Algo tinha que ser dito sobre o cansaco que eu sinto nessa cozinha. Trata-se de um cansaco que nao pode ser conhecido discursivamente. Assim, escolhi a poesia para tentar transmitir um pouco dessa experiencia.