2 de março de 2012

Impressão do Primeiro Dia de Trabalho

   Entrar numa repartição pública, para alguém que desconhece os meandros da burocracia, é muito como entrar numa floresta. Tudo o que vemos, num primeiro momento, é "mato"; tudo o que percebemos voando é "pássaro" e tudo o que é pequeno é "inseto".
   Para quem entra num cartório, "tudo é papel", quem se move do outro lado do balcão é "funcionário público" e quem chega em carro oficial é "autoridade".
   A verdade é que é muito difícil acostumar o nosso olhar a um ambiente estranho. Um biólogo, por exemplo, é capaz de classificar aquilo que consideramos "mato", "pássaro" ou "inseto", em diferentes espécies e famílias.
   Alguém, com certa familiaridade com o serviço público, por uma questão de sobrevivência, consegue discernir os tipos de papéis que circulam por um cartório, quais os mais importantes, quais os urgentes, quais os mais caros, etc. Ao olhar para as pessoas atrás do balcão, um burocrata sabe qual a função que cada servidor exerce e qual deles lhe interessa mais, de acordo com suas necessidades burocráticas.
   Os turistas que querem fazer uma incursão por alguma mata fechada, precisam contratar um guia. Quem quiser se aventurar pelo mundo jurídico tem que contratar um advogado. Entrar num cartório sem um olhar treinado é como estar num mato sem cachorro.