1 de março de 2012

Escrituras

   Quando entrei no serviço público, não sabia o que era um processo, não sabia o que era um tribunal e não sabia  o que fazia um juiz. Mas em toda repartição, suponho, há sempre um servidor mais antigo disposto a perpetuar a infinita engrenagem burocrática.
   Marinalva foi quem se deu ao trabalho de me explicar o que era um processo e como ler a história que existe por trás dos instrumentos jurídicos. Descobri uma nova forma de narrativa, a narrativa do judiciário, que é contada por todas as partes envolvidas.
   A Bíblia, escrita por inúmeras mãos, diz-se, traz a palavra de Deus. Um processo, escrito por advogados, juiz, promotores, peritos, testemunhas, autores, etc, traz a palavra da justiça. As formas e as linguagens variam de autor para autor, mas há algo único que permeia a totalidade da obra e que não pertence a nenhum dos escritores em particular.
   Trabalhando no judiciário, estou  aprendendo a ler as nuances dessas histórias e espero um dia ajudar a escrevê-las. Por ora, agradeço a Marinalva pela alfabetização jurídica.