4 de fevereiro de 2012

Outros Olhares

   A burocracia, uma complexa máquina de dimensões inapreensíveis, manifesta-se sempre de forma milenar: a escrita.
   Percebemos a burocracia através do que a burocracia escreve. Lemos a burocracia. Agimos de acordo com o que foi lido. Para nos certificarmos acerca da adequação de nossas ações, relemos. Além disso, em regra, ao agir a ação demandada pela burocracia, o que fazemos é escrever.
   O olhar de quem trabalha na burocracia é um olhar viciado. Muitas vezes, quando quero contemplar a burocracia, não a vejo; vejo apenas o que está escrito. Esta é uma das dificuldades de manter este blog: escrever aquilo que, numa repartição pública, não está escrito.
   O que não está escrito ali? O que pode ter escapado à unânime burocracia? É como procurar num Atlas somente aquilo que não é mapa.
      Por essa razão, agrada-me a liberdade com que outros olhares não viciados apreciam a burocracia.


   Este é um estudo fotográfico de Guilherme Ghizoni, para mim, reflete bem o constrangimento físico e psicológico que as mudanças tecnológicas têm imposto aos servidores públicos.


   Esta é uma instalação do artista plástico James Kudo. O que lhe parece?