9 de abril de 2012

O Tempo Não Pára...

   O judiciário opera com prazos. Mas os prazos valem para as partes e não para o todo.
   Assim, do fato de a justiça ter prazos, não se segue que ela seja feita a tempo. Cada procedimento é cronometrado rigorosamente, mas o processo tem o seu próprio tempo.
   Em todo o caso, os advogados e os servidores do judiciário estão acorrentados à essa infinita contagem de dias da burocracia. Ajustam seus lavores aos dias que lhes restam.
   A secretaria é uma metáfora da vida.
  Há vezes, entretanto, em que essa contagem cai num final de semana ou num feriado. Nesses casos, estendem-se os prazos até o primeiro dia útil seguinte.
   Ocorre que nesse dia, para onde deságuam todos os prazos represados pelo feriado, inundam na secretaria advogados balançando rios de papéis e tinta, dentro do tempo que o Direito lhes deu. É o mais próximo de um espetáculo da natureza que a burocracia tem a oferecer.
   Nesse dia útil subsequente ao feriado, os servidores do judiciário, que, distantes da repartição, estiveram a ponto de esquecer os pálidos tons da burocracia, são acordados por um ruidoso farfalhar de papéis rodando por suas mesas e mentes desacostumadas.
   Assim foi o meu primeiro dia de trabalho após a ressurreição do Cristo. Às vezes, é preciso ver para crer.