13 de maio de 2012

Humano, Demasiado Humano

   Há quase dois anos atrás tive um processo meu julgado por uma juíza dessas redondezas.
   Apesar do  julgamento favorável, a decisão dessa magistrada foi reformada pelos Desembargadores do Tribunal.
   Disseram que eu não tinha direito ao que estava pedindo. Perdi a discussão na segunda instância.
  Não obstante, o processo ainda caminha pela longa estrada das disputas judiciais. Não sei que desfecho terá.
   Sei, entretanto, que esse foi o processo que mais li e reli em minha vida. Com afinco e esperança. Com cuidado, apreciei cada carimbo, cada rubrica, cada palavra. Ansioso, esperei cada andamento dos autos.
   É preciso saber esperar.
   O que, em minha rotina, considerava atos e palavras massificadas, em meu processo eram únicos. As proposições jurídicas têm essa estranha propriedade alquímica: ora apresentam a fria distância da massificação, ora o emotivo calor da pessoalidade.
      O fato é que as palavras naquele processo imprimiram em meu espírito uma sensação contraditória com o meu dia-a-dia na burocracia. Aquilo me deixou perplexo. Senti que, apesar da jurimetria que, aos poucos, instala-se friamente em todos os ramos da burocracia judiciária, aquelas palavras, independentemente de serem justas ou não, eram bastante humanas.
   Que uma pessoa seja considerada humana, parece uma tautologia. Entretanto, esse adjetivo parece justamente caracterizar essa juíza no contexto da burocracia.
   
   



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