24 de junho de 2012

Férias

   Acabaram as aulas. Acabaram as provas. A Universidade está em Greve. Eu posso retomar a escrita deste blog, negligenciado nessas últimas semanas.
   Com o final do semestre cheguei à metade do curso de Direito... tempo bastante para elaborar algum pensamento a respeito dessa nova experiência acadêmica.
   O que mais me chamou atenção no curso foi que os acadêmicos de Direito, desde o primeiro dia de aula, têm uma resposta precisa para a pergunta: "Quem é você?"... sou fulano, filho de beltrano, aluno de ciclano... Os que não têm uma resposta bem elaborada para essa pergunta, ao menos, têm uma boa resposta para a mesma questão elaborada no tempo futuro: "Quem você será?"... advogado, juiz, promotor, diplomata.
   Fiquei intrigado com essa particularidade, pois formei-me no curso de Filosofia. Lá, em geral, a reposta à primeira pergunta era "ninguém"... e a resposta à segunda: "não sei". Na filosofia, tínhamos a incerteza, densa, atrás de nossas existências, ameaçando alcançar-nos a todo instante. No Direito, as incertezas colocam-se num horizonte distante e de forma quase anêmica. Há uma forte fé na ordem do mundo e de que estão todos com um lugar garantido nesse ordenamento... 
   Curioso é que essa segurança existencial repercute no discurso dos próprios professores. "Vocês são acadêmicos de Direito", "quando vocês forem magistrados", é o dogma do direito.
   Nesse sentido, no Livro Gênesis, um anjo de Deus, faz a seguinte pergunta: "De onde vens e para onde vais?". O mesmo anjo, supondo que os anjos são imortais, se fizesse a mesma pergunta hoje, teria muito mais respostas no curso de Direito que no curso de Filosofia.
   Eu, particularmente, sigo distante da conversa com anjos... mais afeto às perguntas, que às repostas... mantenho-me, ainda, alinhado à filosofia; existem mais dois anos e meio para me alinhar ao dogma do Direito.