18 de novembro de 2013

Lanterna

  Hoje concluí minha pós-graduação em Direito Processual Civil.
  Confesso que há um certo sentimento de frustração.
  Não aprendi a pensar juridicamente como esperava quando me matriculei no curso.
  Ainda penso segundo referenciais e segundo critérios aprendidos com a filosofia, na época de minha graduação.
  Por mais que me esforce, todos os institutos do direito parecem-me antes políticos que propriamente jurídicos.
  Semana passada, troquei algumas mensagem com um ex-professor de filosofia da linguagem, Breno Hax, e ponderei que, se o curso de Filosofia não proporciona aos seus estudantes uma profissão, lhes dá uma formação. O curso Forma indivíduos, no sentido de que lhes dá uma forma.
  Esse sentimento é tão forte que, mesmo hoje, cercado de jargões jurídicos e imerso em questões do Direito, sinto que a lanterna que me guia nessa rotina tem uma chama originária no curso de filosofia.
  Há muitos anos atrás, antes de me enfurnar como cozinheiro num navio de cruzeiro, um outro professor, de epistemologia, Vinicius de Figueiredo, disse-me: "Aonde você for, seja descascando batatas, seja temperando pescados, seja no ambiente acadêmico, você sempre levará consigo o que aprendeu aqui".
  Não sei se aquilo foi uma constatação, uma praga, um aviso...
  Fato é que se confirmou tanto em alto mar quanto no ambiente burocrático da repartição pública em que acabei por embarcar.
   Hoje tornei-me especialista numa área do conhecimento que apenas consigo acessar através da filosofia... especializei-me numa burocracia que apenas me faz algum sentido pelos critérios que aprendi numa graduação já bastante distante no tempo e no espaço... pela flamejar de uma lanterna muito velha que me acompanha de maneira fiel e constante.